
PENUMBRA DA VIOLÊNCIA
Data 31/01/2008 18:42:17 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| PENUMBRA DA VIOLÊNCIA
Eles dizem que os habitantes da senzala contemporânea Não são merecedores da diafaneidade da revolta, Mesmo quando vêem o apagar abominável de sua flama Já tão esmaecida pela vida miseravelmente cotidiana
Como se a centelha de um arquiteto popular de casas Não tivesse a mesma têmpera que a de um menestrel, que platéias Arrebata, através da lírica soprada por densa flauta de fragas
Como se aquela que levanta sob o afago dissaboroso Do céu da alvorada, para depurar os castelos urbanos, Não se irmanasse em importância aos catadores de lixo Cibernético, que limpam as cybercidades, Onde alguns poucos de nós habitamos mentecaptos e tão Crédulos de nossa superioridade!
Eles, pescadores de achismos e filhos do estamental egoísmo, Pensam que, por estarem sob os holofotes da voga, merecem Imadiato reparo pelas balas da perda que os alvejam ao sol do Agora]
No entanto, a eles se deve dizer: Todo dia uma digna luz da vida é apagada; Todo dia vigas da existência são destroçadas; Todo dia tombam mães e pais de família, curtidos de sol [E de labuta, Pelas mãos dos revólveres da legalização segura; Ou perdem seus filhos para as falsas promessas do capital, Que traz consigo o rastro bruno que desponta no lato sorriso Do horizonte da Anti-Aurora Imperial
Portanto, cessemos definitivamente de verter os inefáveis Granizos da hipocrisia. Se vamos chorar, choremos, então, não tão-somente por Vaga-lumes que julgam estar no auge da sua luminescência; Todavia, sobretudo, com o mesmo ardor pelos seus congêneres, Que erram por aí, quase sempre ofuscados pela inexorável Sombra da mendicância, do padecimento, da desventura [Do anonimato que se propala, abunda!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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