
Vidas paralelas
Data 14/11/2014 13:07:49 | Tópico: Poemas
| CAP I
Num movimento brusco e impensado, Sara repuxou para trás os longos cabelos. Olhou mais uma vez para o painel do “Volvo”. O relógio digital avançava em passos largos. - Raio de transito! Logo hoje que era quarta feira, dia de poker.(sussurrou entre dentes com a raiva que por vezes a assolava) Nem reparou nas luzes azuis e intermitentes que um pouco mais à frente dançavam na penumbra. Num gesto nervoso (ou de tesão) passou a mão pelas pernas, quase rasgando as finas meias que em perfeição estudada lhes davam um tom moreno e mais torneado -Ufa , finalmente! Pensou em voz alta, misturando as palavras com o “stand by me” que rolava no CD que ao acaso meteu na ranhura do painel iluminado. - Raios que partam o gajo que resolveu fazer piruetas hoje. (lá praguejou mais uma vez).
- Finalmente em casa. Escorregou escada escada acima, esquecendo os finos tacões que a qualquer minuto a deixariam em maus lençóis. Pela milésima vez, encarou o pulso onde o “Cartier” ia ditando o tempo - 15 minutos…! Raios! 15 minutos restavam para que despisse a “Sara Lady” e vestisse a outra. Afinal, não eram todos os dias quarta feira, “dia de poker”. James iria jantar no “Club” e depois prolongaria a noite na “jogatina” onde os dólares rolavam como água de ribeiro em dias de inverno. E nem foi “por acaso” que deu folga a Josephine nesse dia. Ofegante, empurrou a porta da suite. Num ápice, largou as meias morenas, despiu a saia verde e a blusa castanha. Em tempo que o relógio nem contou , tomou um “duche”. Permitiu que o vestido preto lhe passasse pelos seios eretos em tempo “record” (afinal até gostava do ritual, prolongando o tempo de passagem).
- Bolas! Os ligueiros? Onde estão? Josephineeeeeeeeeeee! Esquecera-se que Josephine estaria, se calhar num bar modesto a beber uma cerveja com Barry( Afinal, também o tinha dispensado). -Calma Sara. (disse para si mesma). Respirou fundo. Tateou, procurando o “Cartier” que ainda pulsava no seu braço. Ainda restavam 5minutos. Deixou que os dedos deslizassem pelos seios até ás pernas, passando pelas ancas . Em languidez estonteante, passou o batton pelos lábios carnudos. E os pés bem cuidados entraram nos sapatos prateados e altos Uma passagem pelo “fiel amigo”, o espelho. -Hum! Gosto! Desceu as escadas de vermelho vestidas, correu e percorreu todos os interruptores. Velas, só velas bastavam para que as silhuetas se insinuassem. Em tempo “record”, Sara tinha finalmente concluído o cenário. Palpitando de desejo, subiu um pouco o negro vestido que a cobria, Entrelaçou a pernas despidas de qualquer trapo…E pulsou ainda mais. -Sebastian! Não demores. E de novo ia percorrendo com os dedos as coxas que dali a pouco não seriam só suas. Um sinal de luzes invadiu as janelas ainda entreabertas. Sara , correu até à porta ainda iluminada pelos candeeiros do jardim Sebastian chegara finalmente. James….Estava a jogar poker. (continua)
|
|