
Ansiedades
Data 13/11/2014 17:09:33 | Tópico: Poemas
| Quadras
Ai Amor, Amor, esse eterno rival em intima pureza que me alaga a vida de beleza em todo o bem e todo o mal.
Admiro-a! À Vida! Tão feita de ternuras, d'Invernos e torturas, paraísos e infernos, assomos, porque a somos, tão ternos.
Vida! Irrita-me não sê-la! Sou poeta extravagante à beira de perdê-la por ser pássaro errante.
Já não ouso esperar ou pedir ... Já não sei quem procurar ... Se deva chorar ou sorrir se deva partir ou ficar.
Para onde? E aonde iria?! ... Caminho ainda, sulcando estradas, subo, a pulso, aquém do dia, nada tenho, sou pó e nada!
E que aura cintila do meu corpo?! Ante mim, até o espanto fica e pasma, pois vivo em corpo morto e além da Alma!
São mornos os meus sonhos, minhas metas - solidão e lirios - vontades, ilusões, adornos de um louco que vive de delírios.
Pois que o seja! Um louco! Os outros tem o monopólio da verdade, eu, na minha vaidade, tenho a minha loucura! Que não é pouco!
Tortura de poeta! Vida de monge! Por jardins e cemitérios sem norte, triste, só, abandonado - ao longe - ao lado do corpo tétrico da morte!
Sou eu! Passo a passo, numa vida de nevoeiro, gosto amargo, deleitoso - amargo e doce - manjar de versos derradeiro que a vida desde sempre me trouxe!
E quem quero eu vencer se sou eu quem está vencido?! Desde a hora em que nasci fui almocreve perdido, buscando pela vida, uma vida que perdi.
Não se trata de aceitar o meu destino! Trata-se de o bem saber viver! Um fado austero, doloroso e cretino onde nada tenho que possa já perder!
E afinal aonde irei?! ... Não sei nem quero saber ... Aonde a vida quiser é onde chegarei, que, aonde chegarei, já não me importa saber!
Ricardo Louro No Café a Brasileira ao Chiado em Lisboa
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