
Canteiro de Obra
Data 31/01/2008 14:07:21 | Tópico: Poemas
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Desde cedo já escuto do meu quarto o barulho tão bruto daquela construção. Despertada de meu doce sonho,de minha cama parto, e fico então a admirar por horas,repleta de atenção o cenário daquele canteiro de obras.
As figuras humanas ali existentes executam com grande força seu ofício. Em meio a tantos sons estridentes lá estão os operários a levantar mais um edifício.
zuuuuin trrrac iaaaaaaaun [poeira no ar]
E quando se aproxima o meio do dia, o sol radiante e ardente,sem dó nem piedade, queima-lhes a face com tamanha energia. [Gostas de suor escorrem pelo corpo com liberdade] Diz então um colega: -Bebe lá um copo d'água que o calor alivia!
Chegada a hora do almoço tão esperada, para-se tudo de repente.Que silêncio encantador... Abre-se uma embalagem de comida já bem resfriada. Devora-se com rapidez.Tem fome o trabalhador! Despois de alimentado,resta ainda algum tempo para o descanso: Deita ali mesmo na calçada,à sombra de uma árvore e tira uma soneca,como animal manso. Rooonc... Roonc... Ronc... Ron... Ro... R..."Acorda!" Grita o mestre em seu ouvido.
Começa o serviço novamente. Quanto concreto,madeira,prego,areia,cal... Com o carrinho-de-mão transportam tudo rapidamente, fazendo o trajeto várias vezes,de maneira irracional. Enquanto um quebra,o outro martela, mais adiante,ainda um outro,serra. Na calçada uma bela forma se revela, transforma-se a rua em passarela pra ela passar: linda moça de curvas delineadas que está a andar, será um anjo,ou apenas uma donzela? [Momento de pura contemplação] Depois da passagem,voltam a executar suas obrigações, mas agora impulsionados pelo calor nos corações.
Cansado,o sol começa a se retirar, e os trabalhadores vão deixando o serviço. Ao final do dia,o que mais querem é descansar: costas,mãos,braços e pernas doídas como se fosse feitiço. Mesmo após a saída,ainda têm de enfrentar algumas horas para ao lar retornar. Força nas pernas para pedalar! E eu fico só olhando aquelas várias bicicletas, movendo-se,exauridas,prontas para amanhã mais um dia iniciar. Ligo o rádio e adormeço,fatigada da vida de poeta.
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