
COLA DE SAPATEIRO
Data 27/01/2008 17:43:39 | Tópico: Prosas Poéticas
| Sou como os sapatos clarividentes, que perambulam pelas velhas ruas. Nuamente despidos dos nojos das gentes; pisam em escarros e peles sujas. E condensam o cheiro dos sentidos, captando as paredes das poeiras que se formam. E que se deformam na omissão... Meu formato é bem definido, brilho como o pólen na flor. Meu cheiro exala odores distintos, ora com beleza, ora desamor. E dentro dos meus pés, viajo...como a ferida borbulhante. Como o sono dos bebês que doravante, se escusam de sofrer dores fingidas. Minhas dores são contínuas e temidas, pois tenho dentro de mim um caminhar vazio. Pra chutar o balde e lamber o chão; das aparências inaladas. Me condenso no mel da eficácia, e jazigos me esperam ao sul. De serafins e urubus, que se apoderam de mim. Uma vez eu digo sim, e noutras perdão. Meus pés transpassam a multidão, a ponto de nem mesmo ter minhas digitais na alma. Perdi-me de mim, da minha calma, quando o teu cheiro incorporou.
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