
Avô
Data 16/09/2014 01:19:19 | Tópico: Poemas
| O meu avô era cauteleiro Vestia fato e gravata Usava chapéu com chapa Apregoava a sorte grande Pelas ruas da cidade.
O meu avô era aposentado Detestava ficar parado Levantava-se ainda de madrugada Para ver o sol a nascer Junto ao mondego suspirava.
Sem saber ler e escrever Era formado no bem dizer Contava histórias ao anoitecer Até que ele a sorrir dizia Esta na hora de dormir Que a noite escondeu o dia.
De lisboa veio um dia Pés descalços, calças rasgadas Ainda menino pois então Veio parar a Coimbra Cidade que sempre foi sua paixão.
Passou fome viu a miséria Trabalhou como um escravo Com o rosto coberto de farinha Foi aprendiz de moleiro Mais tarde foi vinhateiro Soldado, aventureiro Homem de grande imaginação.
O meu avô que tanto na vida sofreu Na hora do seu adeus Sentado na sua cama, sorriu Fechou os olhos e dormiu Num sono profundo, sem fim O meu avô, ainda hoje vive em mim. (Gaspar Oliveira)
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