
a fome bateu-lhe à porta ruidosamente
Data 12/09/2014 11:00:12 | Tópico: Poemas
|
a morte saiu à rua vestida de branco nas asas de um albatroz de bico silente amputado pelas guelras da meia-lua, a fome bateu-lhe à porta ruidosamente desceu os degraus e calara-o na rua.
subiu a calçada com a mulher prenha e um punhado crispado de nada, tudo parece novo dentro da sentença. quanto mais andava mais a fome mastigava o estômago na boca, o urdir da crença, sem casa, sem cama, sem mesa, sem…
os anúncios luzentes feriam-lhe os olhos - Soluções de crédito à sua medida – - TAEG 17,6 por cento, TAN 14 por cento – - Venda o seu ouro por um preço justo –
(Paga e não bufes filho da puta!)
largou a mão à mulher prenha subiu ao último andar do prédio devoluto deixou-se cair sobre o anúncio do nojo que rege as gorduras da devassidão. ao cair, ainda assim, berrou:
- Alimenta a mulher e o meu filho, cabrão!
Conceição Bernardino
|
|