
A brincar e a criticar
Data 20/08/2014 18:44:50 | Tópico: Poemas -> Humor
| Tinha amigos aos milhares Até que minha pobreza chegou Agora nos seus gestos e olhares vejo do que a pobreza me livrou
Não as querendo criticar Nunca as mulheres me assediaram Mas depois de um dia casar Nem da minha porta se afastavam
Até chegar a infeliz separação que caiu na vida com pesar não sei se foi essa a razão de nunca mais nenhuma avistar
Restava-me meu trabalho ideal Que me dava longas horas de azia O que ganhava, era tão pouco, irreal Quando as faturas a pagar, conferia
Mas não conseguia aprender a roubar Embora visse os mestres em ação Que na televisão e governo, ao falar Roubavam-me até a minha visão
Fui para pedinte, carros arrumar Mas a concorrência era brutal Até a um deles tive de pagar para não me por em tribunal
Fui acusado de o caluniar Ao chamar-lhe de malandro Ainda tive de advogado pagar E com pulseira eletrónica ando
Não posso dele me aproximar Por causa duma injunção cautelar Raio de filho que me havia de nascer Que até do Pai goza, a bel-prazer
Quase que conseguia de tudo chorar Se não tivesse de meus olhos hipotecar Para pagar a minha pequena cirurgia Depois de ver as contas de oftalmologia
É que nem cego por cá se pode ser Muito menos deficiente aqui nascer Pois para dinheiro eu conseguir arranjar Tenho de cegamente em linha reta andar e caso deficiente, ter de a Universidade completar
Mas se numa bola um chute ao acaso acertar Sou um português que o estado irá ajudar Mas sou apenas deficiente com medalhas a nadar Dizem; vais a nado que tens bom “corpinho” para pagar
A de cima era da frustração a falar Por ver por ai, tanto herói exemplar E ver sempre os mesmos a ganhar O que para todos devia chegar
Desculpem por me enervar E por tanto me alongar… Por favor não me façam disto pagar Que não tenho mais nada para empenhar!
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