
Isto
Data 18/08/2014 11:28:47 | Tópico: Poemas
| Deixei de ser cego E tudo ver Quando nada vi Por nada haver,
Quando percebi Que o que existe É, e não é O que desejo e quero,
Quando entendi Que se houvesse Paraísos, cidadelas, Eterna messe
Mataria o que existe Pelo preço de quimeras, Por vãs promessas Onde tudo pereceria,
Pois tudo Só nos é tudo Porque detrás De todo o manto
Só há o breu Do nada e do escuro, O silêncio cerrado E o espanto
Que entretecem O meu canto E me subtraem A luz, o Deus e o encanto,
Pois estar na luz Em iluminação É poder ver Na escuridão.
Deixei de ser cego Ao compreender Que por detrás De tudo o que existe,
De tudo que nasce, Vive, morre E se refaz, Nada resiste
E é por isso Que tudo o que existe Não é o caos ou o que creio, Mas ordenado e perfeito,
Jogo, dado A erigir O fado e a beleza Dos Senhores de areia,
Tudo no todo Sem centro Ou aranha Apenas teia,
O fora e o dentro, Isto que tudo Contém E apanha,
O que chamamos De vontades, desígnios Mas que não passa De algo indistinto,
Alheio, Por isso lindo Como bolas Num sorteio,
Caso contrário, Não estaríamos aqui E nem teria visto Tudo o que vi.
|
|