
Nada mais Triste
Data 24/01/2008 02:54:52 | Tópico: Poemas -> Amor
| “Nada mais triste que o vazio de uma gare mantendo ainda, por instantes, a quentura do tempo [presença] de quem partiu no último trem”. Carlos Rodolfo Stopa
Cenas
Os olhares doíam tristezas de perda, Olhares cansados dos embates desgastantes, Nas frustrações das lutas vãs Passos de chumbo arrastando o tempo, Um nó sufocando a garganta.
Chegaram silenciosos... Olharam longe para a gare, Suspiraram desapontamentos, Sentaram-se. Esperaram sem palavras a chegada do trem.
Entrelaçaram as mãos, apertadas... Mãos cheias de palavras surdas, Trêmulas mãos frias, nervosas.
Um apito avisa que o trem se aproxima, As mãos se apertam ainda mais.
Num som quase inaudível, Ela pergunta procurando os olhos dele: _ Tem certeza de que é assim mesmo que quer? _ Não tenho certeza de nada, só sei que preciso ir...
É hora de embarcar.
Levantam-se aturdidos, caminham, Abraçam-se longamente, Misturam o gosto salgado, Das lágrimas em suas bocas, Ela passa a mão pelos cabelos, Segura entre as mãos o rosto dele. Não diz nada... Só as lágrimas, só o olhar.
Ele entra no trem, acomoda-se, Entreolham-se pela janela, Tocam as mãos espalmadas no vidro.
O apito, A quentura de gare...
O trem começa a andar, Ela fala sem que as palavras tenham som: _Eu amo você. Ele não pôde ver... Ele não pôde ouvir...
O trem,
O som, a gare,
As casas,
Ruas, gentes,
Ela ficou parada ali, Olhando o trem indo, indo sempre, Até ficar pequenino... Um ponto.
Um vazio imenso, Uma dor sem fim! Amor que fica presente. Certeza de que trem algum, Pode levá-lo para longe.
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