
A Maria do Crack
Data 21/07/2014 22:26:03 | Tópico: Poemas
| Maria Louca da Central, a doida varrida da Pedra, acomoda sua suja figura em qualquer figurino de Fedra, mas sem um Trágico que lhe cante percorre em vão a inexistente memória, em busca da própria história. Mas história não há, leitor das Tragédias. Só se sabe que corre. Da polícia e de quem diz que a socorre. Corre avenidas, corre ruas, corre vielas, mas chegada não há. Só há a fissura, só a gastura. E a vida sem cura. Maria Louca, Doida Varrida, foi filha noutra vida. Nessa não. Foi irmã, foi namorada, foi esposa e foi gente na outra vida. Agora não. É só recheio de camburão. E bradam, internamento compulsório, pois é tempo de turista, o nosso dono provisório. Depois, devolvam-na às ruas, já que assim dizem os entendidos. Que volte aos manos bandidos e aterrorize os pacatos burgueses fodidos. Mas não se desespere não, pois Crack mata rápido, como a dor da solidão. Mas não se sinta culpado não. É culpa da televisão, de Wall Street e do ópio do Afeganistão. Mas não chore não, Maria Louca, Varrida da Pedra, é só a outra face do auri-verde pendão.
Descanse dos homens, pobre Maria. Produção e divulgação de Pat Tavares, lettré, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de Relações com o Público. Rio de Janeiro, inverno de 2014.
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