
Ser Eu, Ser Medo
Data 20/06/2014 23:03:00 | Tópico: Poemas -> Solidão
| Breve instancia onde penso Na Solidão em que me sinto imerso Onde me afogo em tempos de espera De incerteza, de tudo o que já era. E vêm-me à memória Traços, linhas soltas Percurso de uma vida insatisfatória Um esboço feito em idas e voltas Traços de um esboço inacabado Linhas muito imprecisas de exactidão Cada uma um momento do passado Cada uma com uma recordação Esboço repleto de momentos Que me trazem o calor da amizade Abrigo para o frio destes tempos Frios de inverno de solidão e ansiedade
A desilusão é tanta, que a ascensão irá levar tempo. Nunca nada soube a qualquer tipo de arrependimento Talvez se volta-se a desenhar Uma daquelas linhas, mas nenhum traço em particular Não ficasse igualzinha Talvez por regra ou azar Mas nunca com intenção de a mudar.
Sonhar é agora ansiar Com algo que não traga mudança Que não me leve a cair em esperança De ter um dia quem acompanhar Mas ficar parado Até a mim me mete dó Faz-me sentir cansado E a encher-me de pó. Sinto ainda que há tanto para dar Tanto que não cabe num só lugar Que tem de haver com quem partilhar Que tem de haver a quem contar
Faço traços loucamente Na esperança íntima de encontrar Algo que me preencha a mente Algo que me faça sentir realizado E que me deixe de sentir cansado
Ser Eu, É o esforço presente de não pensar na ausencia que em mim existe. Ser Eu, É lutar contra o pensamento renegado, que sempre que vem presiste. Ser Eu, É ter medo, e viver em constrangimento não aparente, É ver tudo o que não quero, seja onde for, É ver todos em volta de forma diferente É passar por lugares que me recordam vivências e trazem dor.
Assusta-me ter de viver, Ter de cá andar, ou até cá voltar Mas tenho mais medo de morrer, Desaparecer, e ninguém me lembrar.
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