
O Campo E A Cidade
Data 11/06/2014 23:24:47 | Tópico: Poemas
| A saudade doída vai embora Quando murmuram as fontes O sol desponta atrás dos montes Quando o dia descortina a Aurora.
A brisa matutina cobre ainda a serra Um cheiro de erva verde cobre a roça Um velho lavrador deixa a sua palhoça E na labuta diária vai remoendo a terra.
O orvalho da noite faz pérolas na relva A luz solar pouco a pouco doura o rio É apenas o indício do início de um estio Que vai ressecando as folhagem da selva.
E até me parece que o dia da noite se despe Ou que a noite do dia estava, talvez, travestida. Depois de percorrer o céu a lua então se despede Deixando lugar para seu irmão que é o criador da vida.
Logo a frente começa o vai e vem dos carros E o que era belo e bucólico vai perdendo a graça Agora o que fica é uma nuvem escura de fumaça Um misto de descargas, de escarros e de cigarros.
E uma turba robotizada se desloca sem direção E a sensação é que tudo é um inferno do caralho Todo os dias estes autômatos se dirigindo ao trabalho Anônimos, atônitos, sem rostos e faltando um coração.
E o dia que nasceu tão bonito vai ficando enfeiado As horas não deixam perceber as magnólias dos jardins As praças arborizadas não exalam os cheiros dos alecrins As ruas parecem que foram tocadas pela mão do diabo.
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