
Soneto da luz e das trevas
Data 24/05/2014 06:45:48 | Tópico: Poemas
| “ E da entrada não longe ainda estando, Eis um clarão brilhante divisamos Das trevas o hemisfério alumiando.
Dali distantes ainda nos achamos Não tanto, que eu não discernisse em parte Que à sede de almas nobres caminhamos.”
A Divina Comédia - Inferno, canto iv
Sem a luz do sol sempre estou oprimido. Quando presente, se imperioso, seus raios, meus ledos passos orientam; gentilmente um norte consente. Sentimentos, o pensamento, comungados, fundidos, fossem átrio glorioso, certo que resoluto, obliteraria fatais os dias de chuva, fosse eu onipotente.
Não somente eu amo a luz, muitos execram o breu como a verme infesto, se caminhar rente aos beirais da morte, do meio dia, um recordar aparece. Imagens instantâneas, tenho certeza em louvar aqui os labores, manifesto: a vida é bela, faces aos ventos, luz e calor; toda agrura assim desvanece.
Se é anelo extinguir todas as noites, essa questão jamais será respondida, - Ah, cessar de vez o negrume cruel que oprime à ausência da flama querida! Não iria me igualar aos néscios, os chamo cobardes, confesso, pondero duro. Nem só das lavas e lustres, afável é minha visão, brandura consente entrada, dia e noite, lume e bruno, bonança, borrasca, estão em bodas, aliança atada; insano sair gritando por luzes, pueril por demais apregoar ser o dom o escuro.
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