
Meu Alazão
Data 06/05/2014 21:05:14 | Tópico: Poemas -> Saudade
| Meu Alazão
Doces lembranças tenho E muita saudade me dá. Daquela imensa fazenda E do tempo que morei lá.
A casa era bem espaçosa, Com muitas portas e janelas. Trincos e fechaduras não haviam; Somente simples tramelas. Ali, perigo ninguém corria; Todos tranquilamente dormiam Nas noites calmas e belas.
Ao redor da casa o terreiro Que dava gosto de se ver. E os galos no galinheiro Cantavam ao amanhecer.
Havia árvores floridas E uma frondosa paineira. Várias espécies de vida E também sabiás laranjeira, As aves voavam em bando, Às vezes se refrescando Nas águas da ribeira.
Logo que o dia raiava, Eu ia para o quintal. Sentia o cheiro da relva E depois, ia abrir o curral. Soltava os bois e as vacas, Para que fossem pastar; Ouvia as corruíras Lá na porteira a cantar.
Em seguida eu retornava E rumava para o mangueirão, Alimentava os suínos, E meu garboso alazão. Meu bom e fiel companheiro, Que no dia do padroeiro Levava-me a procissão.
Depois voltava pra casa, Por dentro do bananal Com água fresca na moringa E o que comer no bornal; E quando lá eu chegava Me punha logo a carpir; De vez em quando eu parava, Pra o canto das aves ouvir. Só quando sol se escondia, O caminho de volta eu fazia Feliz, contente a sorrir.
Recolhia as reses do pasto, E ia para o mangueirão, Para prender os suínos, E meu garboso alazão. Meu bom e fiel companheiro, Que no dia do padroeiro, Levava-me a procissão.
Só depois entrava em casa, E punha a janta pra esquentar. E, enquanto a janta esquentava, Então eu ia me banhar. Após o banho tomado, Sentia-me mais remoçado E, finalmente, ia jantar. Depois a janta gostosa, Deitava-me na preguiçosa, Pra lua então namorar. Só quando ela se escondia E, entre as nuvens sumia; Recolhia-me para dormir. Que doce que era a vida, Naquela fazenda querida, Que um dia, cismei de sair Para vir morar na cidade, Mas pra dizer a verdade: Lá deixei meu coração. Ah, se Deus me ajudar, Para lá hei de voltar Vou rever meu alazão. Meu bom e fiel companheiro, Que no dia do padroeiro, Levava-me a procissão. E quando esse dia chegar, Confesso que, até vou chorar De alegria, e, de emoção. Ao ver minha terra querida, Que é meu mundo, minha vida, E ver de novo meu alazão. Meu bom e fiel companheiro, Que no dia do padroeiro, Levava-me a procissão.
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