
QUADRAS DE DESABAFO
Data 05/05/2014 16:34:29 | Tópico: Poemas
| QUADRAS DE DESABAFO
A admirável quinta do Al Mateis Cada vez está mais povoada De animais lindos e dóceis Que fazem as delícias da coutada.
A “sonsita” que canta mal, mas encanta Com a sua peculiar maneira de palrar Sempre pronta p’ra pintar a manta E a ideia de grande mandona passar.
O admirável e ímpar “jupi gorducho” Sempre a correr, sempre a olhar É muito útil o seu grande bucho Para as novidades ao dono levar.
Quem não conhece o “lumento” Sempre com ar muito tarefeiro É certamente o de maior talento Na arte de chibar para o quinteiro. Depois há o “cachorro chifrudo” Sempre a andar, sempre a correr Na ânsia de conseguir fazer tudo E as graças do dono vir a ter.
Como é gira a “gazela saltitante”, Sempre tirana, sempre a rosnar… Procura com sonsice preocupante Pisar, tiranizar, humilhar, triunfar…
O “carneiro virado” lá vai andando Como os outros no seu vaivém Canta o fado, dança o fandango E o vira do quinteiro, como convém.
O “falcão aluado” faz o seu voo rasante Sempre pronto para a sua vítima bicar, Com pose hilariante, faz ar de importante Para a assembleia nele reparar e admirar.
É bonito de ver o “pavão vaidoso” a arfar Convencido da sua arte e do seu saber Pondo-se em frente duma tela a mostrar O que à custa de alguém conseguiu ter.
Quando a relva fica verdinha É bonito ver os carneirinhos A rebolar na erva fofinha Alegres e muito contentinhos.
Mas não há bela sem senão E eis que aparece o quinteiro Que vê a sua erva de estimação Estragada pelos filhos do carneiro.
Ruge, rosna, late, ladra, grita… Com todos lá do seu poleiro E o grupo de carneirinhos aceita Sem reclamar a fúria do quinteiro.
Não importa o que somos, Se quinteiros, se cordeiros. Sabe-se que, juntando os gomos Das laranjas, faz-se o inteiro.
Há exemplos de amizade Entre animais ditos inimigos Pois é… o quinteiro na sua vaidade Não entende, perde os amigos.
E um dia, admirável quinteiro, Quando desceres do teu pedestal E enfrentares o real, o verdadeiro, Verás quão triste é ser irracional.
Não existe melhor bem que a amizade Na efemeridade desta vida que corre, Onde a lembrança da solidariedade É o único bem que não morre.
Assim, senhor quinteiro Acredite, se o quiser, Um dia senhor quinteiro Será como mais um qualquer.
E os dóceis carneirinhos libertos Dos pavões, cachorros, lumentos… Apenas lembrarão o quão espertos Foram em não entrar em lamentos! [/b] [/b] Desabafar liberta a mente...
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