
Para mim mesmo ergui (Alexander Puchkin)
Data 02/05/2014 14:14:52 | Tópico: Poemas -> Introspecção
|  Para mim mesmo ergui, não com as mãos, movimento: a estrada livre que o meu povo há de trilhar. Alexandre não tem coluna erguida ao vento que erga a cabeça mais que o meu pilar.
Não morrerei de todo — pois que no meu canto, sem corpo corruptível, soarei altivo. E o meu renome imenso durará enquanto houver na terra um poeta, sobrevivo.
Da minha fama o ruído a Rússia há de varrer, que aos povos todos dela irá iluminando, o eslavo, o balta, o tungu me hão de conhecer, como o kalmuk a estepe cavalgando.
Serei amado, e as gentes lembrarão mil anos na glória do meu verso o fogo que acendi: como cantei ser livre em tempo de tiranos e para os humilhados honra só pedi.
Oh Musa, nunca escutes mais que a um deus, tua arte, impávida aos insultos, ao louvor mais fria. Sem recompensas, canta, mas saibas calar-te sempre que um asno cruze pela tua via. Alexander Puchkin (1799-1837), poeta e novelista russo.
Imagem: Estepes da Rússia, com montes ao fundo.
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