
ainda ontem fomos as carruagens dos comboio lotados de sonhos que na pista accionavam multidões o trem sumiu... as viagens nas trilhas sem fim dos nossos olhares essas não cessam d´alastrar no destino comum dos nossos neurónios mas as serenatas nos lençóis abandonados -o odor escarlate de violões , envelhecidos !- silenciados ao mofo aprisionados , ninguém ... ... as ensaiava ... lá onde a sereia morreu apaixonada pelo capitão que trajava na lapela um lenço bordado de lábios , cravados ! pelo batom que reflete a imortalidade há quem lhe chame arma há quem lhe chame flor d´abril - é apenas a carne rasgada da traição que ainda insiste em repetir o bordão ou refrão duma só palavra - revolução ! e ... ainda é tempo d´abrir os livros que são entradas ainda é momento de fechar aquelas bocas que jamais aprenderão a beijar ! sim , vou rasgar o meu voto à entrada da urna que sentencia o nosso funeral sim , vou teimar no sonho na portada do ventre que grita ensaguentado pela luz - dia ! por que ... os abandonados sem leito são hinos , rejuvenescidos ! onde o tudo o que é caduco morre para que soe a balada abraçada ao perfume que da vida é libertada , alguém ... a encarnará , aqui ... onde uma noiva se entrega ao castelo d´útero aberto à formação daquele que da pátria faz a nação e acena à boca amada com o lenço de gala manchado com o lindo arabesco que das núpcias verteu afinal , ontem , num lar dilacerado pelo divórcio , foi abril ... e hoje numa terra engalanada pela boda da esperança é maio ... daquela menina que dá as mãos ao menino , sim , são pequeninos , são crianças os olhos maravilhados que entregam aos noivos as alianças e ela sorri e imortaliza-se no ouvido dele : - sou tua ! sou a tua terra , e tu estás disposto a ser o meu país ?
Luiz Sommerville Junior , 010520110741
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