
[o poema da minha rua teima]
Data 30/04/2014 07:42:53 | Tópico: Poemas
| o poema da minha rua teima em negar a rotação da terra enquanto se deita a ver o sol que nasce e se ergue e se põe
imagina o mesmo que outros antes dele imaginaram uma espécie de orfeu e de eurídice para o sol e a lua
por vezes ambos surgem nas alturas talvez diz o poema seja efeito da música de orfeu que seus próprios sentidos engana talvez
como talvez a terra gire em torno do sol talvez
como talvez não seja efeito algum de música alguma mas dos copos bebidos ao final da tarde no café da dona isilda e do senhor agostinho no mercado das almas de freire talvez
mas não é talvez a altura em que o poema se consola livre que está de cirurgias mesmo que estéticas dormindo inacabado no caderno
sonhando desejando ali ficar simplesmente inacabado porque poema algum deseja o fim
sufocar entre páginas de um livro condenado ao pó ao pó da indiferença
enquanto isso o poeta despede-se do verso do último verso escrito como se alguma vez se despedisse
bebe cerveja e pergunta artur como andam os gatos
Xavier Zarco
|
|