
O MAL QUE O MAR TE FEZ
Data 15/01/2008 11:05:38 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| O MAL QUE O MAR TE FEZ
Vieste um dia ao mundo, Como tanta Criatura sem sorte, cuja luta Congela a dor; p pranto, na garganta; Não desabafarás? Ninguém te escuta?!
Contra a muralha agreste do destino, Já nem mais forças tens para lutar! Na tua solidão, qual peregrino, Murmuras que o melhor é acabar!...
Caíste facilmente na cilada, Cujos efeitos vais chorando, em vão. Por quem me substituiu não és amada. Faz-me feliz quem tem meu coração!
Aumentam, desde então os teus problemas, Que agora não consegues resolver. Se a vida não é feita de poemas, Por ti já nada mais posso fazer!
Dizendo não querer ser-me pesada, Comodismo? Talvez falta de amor! Longe, eu não te servia para nada! E agora?! Sofres triste dissabor!
Rasgava o barco, lento, aquelas águas: Ficavas; eu partia; que aflição! Nem sei como couberam tantas mágoas No meu amargurado coração!
Pouco tempo bastou para ter fim O romance que unira as nossas vidas! Nunca mais te teria junto a mim! São minhas ilusões, folhas caídas!
Passei o mar; então me conheceste! Incautos, ignorámos o pior! Tua imprudência trouxe o que sofreste Depois que terminaste o nosso amor!
Ao ler as tuas cartas, tão vibrantes, Vejo quanto padeces, tão sozinha! Se te quisesse agora, como dantes, Seria uma incoerência: não és minha!
Eu sempre imaginei que tal viagem Seria o fim de tantas ilusões! Não foste igual: a falta de coragem, Não te vez esmagar oposições!
Fiquei muito feliz: tenho o meu lar, No qual dou e recebo muito amor! Para ti foi carrasco aquele mar, Que em vez de mim, te deu tristeza e dor!
Para que te serviu o casamento? Sabê-lo-ás, melhor do que ninguém. Ficaste unida por um juramento A quem não é capaz de amar alguém!
Lá vai dilacerando a tua vida, Com ares de mandão autoritário. Em cada dia, mais enfraquecida, Vê-se o teu caminhar para o calvário…
Vejo que ele não sabe ser amigo: Só quer todos lançar na escravidão! Que triste escolha a tua. Esse castigo Congelou-te demais o coração!
Nascido nesta terra, o teu marido, Comigo atravessou também o mar. As aventuras que diz ter vivido, Melhor seria nunca se casar!
Como os demais, terá esse direito; Mas, desgraçar-te assim, isso é que não! Prometeu-te carinho, amor, respeito, E conseguiu que fosses no balão…
Mas se se arrepender, e for possível Retrocederem, para bem dos dois, Embora me pareça quase incrível, Melhores dias possam vir, depois!
E como acreditar quem nos engana, E nos vai maltratando, a cada hora? Exausta, pensarás, porque ès humana: -não posso mais com isto! Vou-me embora!
Conselhos destes nunca te darei: Não sei se te fariam mal ou bem! Se até agora, sempre te apoiei, Irei manter-me assim, mais que ninguém!

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