
A Lua dos Mortos
Data 05/04/2014 17:22:28 | Tópico: Poemas
| A Via Láctea Cintila um funeral Em cada galáxia Acende um castiçal Iluminando os caminhos Que levam os mortos Para o Planeta Terra. A água extinta de cada corpo Coagula o sangue dos canais Que solidificam a rede da vida De modo frio e absorto. A sede aumenta a dor do mundo Na mesma proporção que santifica O entendimento do moribundo E ensina o desapego para quem fica. A Lua dos mortos passeia Nos jazigos abandonados pelas mentes Por calafrios e ranger de dentes No despertar de cada ceia. Da sombra dos seus pecados Os defuntos acordam machucados Com sua altivez profunda Sabendo que não há mais segunda. No vale das trevas Ecoa o canto da coruja negra Anunciando para as brumas Abrirem ampla passagem Nas alfombras das veredas Onde nascem as violetas. As estrelas caem do céu Chorando a saudade Dos que ainda estão vivos Cobertos por um véu. Velas acesas, flores de plástico, Rezam o terço com tristezas Diante da fotografia. Sepulcros mistificados Onde tudo é fantástico Continuando o fim Do show da vida.
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