
CANÇÃO das MULHERES numa PRIMAVERA MAGRA
Data 09/01/2008 20:43:11 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Bimbamboleias teu andar ribombante estalando-te na acústica do céu teatral do Brasil Os anjos dançam quadrilha agitando as asas sobre os abortos violentíssimos! nas favelas Desmontaram o circo em que os leões te lambiam Nós ainda éramos nascidos quando as músicas soavam entre os muros nós ainda éramos nascidos e não sabíamos o que era crime e o que não é Ainda desta vez os políticos negociarão a terra da perfeição e da ordem e os canibais palitando os dentes e os meus cabelos estão cortados em forma de crina porque grafito evangelhos ao longo das rodovias e dos viadutos, fêmea imortalizada pela gestação de deuses inéditos e raças extintas na beira do mar maternal dos nossos delírios mitológicos, tua carne sedosa molhada de orgasmo e lágrimas e os negros tocam saxofone no camburão enquanto ateus e crentes dopam-se nas respectivas permissões Ainda assim e ainda que fosse as novas religiões nasceram da química dos ministérios e nascerão E nascerão das enluaradas festas ao deus anônimo dos bosques inconclusos, crepusculírios - eternimutáveis jovens inclementes, alheios, apenas alheios, alheiosengendrantes do amor selvagem megalampo sex-brutal d'amantes prévios incansáveis vagabundos tônicos no sol berrante a fêmea flama o vibro: natância o desejo além do castigo, para que eu livre dos números e das leis, ponteie na viola, a vontade acesa no teu corpo nu, a canção das mulheres numa primavera magra
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