
O boêmio borrado
Data 17/12/2013 18:34:27 | Tópico: Poemas
| O boêmio borrado (Mauro Leal)
No coladinho do arrasta pé nas macegas do Chaparral ao Alecrim ao som da sanfona, da viola e do bandolim seus requebradinhos no estilo, impressionava, a poeira levantava e interesses despertava, e na pontinha da orelhinha da donzela com seus envolventes e irresistíveis xavecos, conquistava.
E nesta fascinação e excitação dos ralas cochas pra la e pra cá, começou aquela gororoba de pirão de tainha ao molho de camarão regada com a robusta feijoada requentada da noite passada, causar um piripaque, uma tremenda revolução, deixando decepcionado e em mal situação o encantador rebolador com as "tripas" à estremecer, os "puns puruns, pumpuns", contorcendo pra conter, e com o piriri na beiradinha da "rosquinha enrugadinha" a ponto de explodi e esparramar e o salão de chão batido todo borrar, obrigando os forrozeiros o nariz a tapar, pirulitar do lugar e outros a irritar, pela insuportável catinga que empesteava o empoeirado ar.
E antes mesmo do sanfoneiro com o violeiro, parar para seu birinaite beiçar, sussurrou no ouvido da musa-matusquela: - vou ali liberar o "mandela" e por favor meu querido amor não saia da "passarela", e em disparada se embrenhou por entre a mata fechada e por cima da moita de capim navalha despejou uma desesperada "barrigada".
Depois de escorregar a "morena", olhou para os lados e fez uso das folhas molhadas, saindo desajeitado meio que desconfiado, apressado e suado, retornando para o animado baile bombado, a reencontrar sua apaixonada rapariga, desolada, sentada cabisbaixa, e cavaleirosamente seus braços estende à convidá-la pra novamente bailar.
De posse da conquistada princesa em seu peito a rodopiar, piorava o cheiro nauseabundo carniceiro de "urubu empanado" e cada vez mais incomodava e a gafieira agonizava.
O povo do salão que alegremente se divertia à branda luz do lampião, começou a inquietar-se e as narinas desesperadamente abanar pois não estavam mais a fedentina pavorosa suportar, e pressentir que algo sinistro estava a acontecer e fortes indícios levavam a crer que a segurança iria entrar em ação pois já estavam todos aloprados pela fétida respiração.
E quanto mais requebrava e nos traseiros dos forrozeiros roçava mais a carniça pela festa espalhava, o mal-estar agravava e endoidava até que no serenar do amanhecer, foram perceber que a desesperada catinga maldita era titica aguarrada no suspensório do boêmio sedutor.
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