
Água, quase tudo...
Data 03/12/2013 12:38:50 | Tópico: Poemas
| O mar respira sempre, depois de nós, em espasmos de tempos lunares. Respira, e em cada expiração nos vai devolvendo à praia, depois do sonho. Inspira, a cada asa de gaivota que nos transporta à solidão outra vez. Depois... há uma força extrínseca que o retrai, que o atrai ao longe, que o reanima sempre, em distensões de ondas circuncêntricas além do arrepio de pele fria ao sal diluído da memória. O mar respira sempre, não te iludas. Regressa (sempre) ao limbo quente da fundura nas vozes longilíneas das sereias.
E a senoide pura do seu amplexo, (que foi nosso) se vai diluindo, ao largo, ao longo do nosso próprio corpo abandonado.
O mar sobrevive sempre. Não olhes para trás, não julgues que é sangue a cor que vês no golpe incendiário que o sol deixa no seu dorso depois do adeus. Deixa-o partir, ergue-te das areias, parte-te da estátua que te quer presa dulcificada sob o sal que te cobre o corpo em dor. E respira: não olhes para trás, esquece o mar. (mas nunca, nunca esqueças: 75% de ti própria serão para sempre águas suas, que irão contigo, onde e por onde quer que vás...)
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