
Tempo de escrita
Data 15/11/2013 21:52:23 | Tópico: Poemas
| Chega enfim o tempo da escrita, Forçada, por ausência de emoção. E mesmo sendo a palavra bonita É logo tomada como palavrão.
Abano os neurônios em discussão Em busca daquela treta dita Ou pensada em estado de ebulição. Mas sem sinal da pobre maldita.
Falta o esforço Ou foi perdido o dom? Se é que dom existia... Ou já não dorme em meu dorso Ou não entendo este tom. Nem amor, nem liberdade, nem som. Só uma rarefeita azia Moendo um coração que temia Perder prá lógica a razão. Insistiria, Se todo ou qualquer discurso Não parecesse palavrão...
Sinto-me como um urso Que hiberna nos tempos mais frios. Preciso de um novo curso, De navegar em novos rios.
Farto de flores mortas E de recantos sombrios, Terei de abrir quantas portas? De desvendar quantos mistérios?
Só queria ter uma peça, Que a cada singular leitura Fizesse uma lágrima escorregar. Mas só escrevo merda dura Que a ninguém interessa, E não paro de me lamentar.
Promessa, promessa que se perdeu. Treta, mais treta... E depressa noto no céu O rasto de um fugitivo cometa Que outrora fora meu. Poeta, poeta, o que aconteceu. A poesia, mais uma vez, morreu.
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