
Quando chega o aventureiro - LIzaldo Vieira
Data 19/10/2013 15:26:42 | Tópico: Poemas
| De vez em quando chega o aventureiro – Lizaldo Vieira Quando chega o aventureiro Do nada Largo tudo e vou embora Valendo-se do andar sem destino Louco menino A rever cenas e atores do seu tempo Que se nega do esquecimento Pra saudar o sol A chuva O vento Tempo bom da natureza Esbanjando toda alegria nas nascentes da mata Escorregar no tapete de folhas secas Cantarolar com as cascatas Esse devagar Me dá vontade de andar Mais e mais sem motivos D reclamar de nada Vontade de rir e chorar Vazar nas estranhas vicinais Gostosa vidinha animal Sem nada pensar Tudo é sonhar Ver cavalos e outros bichos pastando Pelos verdes vales de minha terra Gente miúda Descalça Descuidada Lambuzando-se de terra Bebendo água de cuia Na nascente do brejo Brincando de pega-pega Corre - corre Seguido a trilha do preá do campo E porquinho selvagem Aqui acolá um tempo pra cochilo Uma paradinha pra banhar-se á sombra do pé de jenipapo Enquanto suga o suco da polpa É bom escolher maracujá de cobra nas ramas Cutucar e comer ingá madura Sentir o cheiro Pegar coisas do mato verde Ouvindo a cantiga rouca do riacho doce Ainda mais com cantorias E zunzum de mulheres lavadeiras De louça e roupa Num cenário deslumbrante de natural A criançada adora o banho de poço Faz uma a festa do diacho Mundo feliz Pinto no lixo Vez por outra Um ventinho bom e breve Traz cheiro bom de araçá madura Goiaba e Caju nativos Que delicia de vida é essa Que dure muito Não seja breve Num dá nem vontade se lembrar Dos ruídos dos carros Espera de filas Chega de reclamar do sinal de internet Aqui a gente não se cansa De deitar e rolar na relva Esquecer o sapato Por os pés no riacho Voltar a ser criança Na verdadeira vida de roça Onde o tempo Não tem pressa de passar Ainda bem para o coitado fugitivo Das desgraças da civilização Do mundo caótico Tudo por um breve refugio Fugir do sufoco Dos rumores enfadonhos Da selva de pedra..
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