
PERMITA-ME O INCESTO
Data 26/09/2013 12:17:59 | Tópico: Poemas
| (Jádison Coelho)
Estou a falar de amor, e não estranhe tal estranheza a minha. Não estranho a tal estranheza sua, por hora. Se num dia estou a falar de amor é por que vai ele muito mal. Estou a falar de amor como um colar de pedras desfeito num sopro quente, dissolvendo a linha que sustenta pedras em si. Meu amor não entra pelas portas do fundo, mas pelas beiradas do telhado rachado, num ping pong das gotas da chuva reunida num balde razo, pra não molhar toda a casa e não nos inun........dar de tamanha estranheza. Eis aqui a triste certeza dos lamentos árcades da vida que não permitiu que fossemos aqui como colar de pedras, só apenas pedras espalhadas por dissolvida linha de sustento em nossos colos. Estou a falar de amor pelas notas de um rock sonolento. Ser o abandono dos abandonados é o meu triunfo mal acreditado de um dia meu amor inda ir bem, e não tão mal como ness'hora, que dispenso eu da danação e penso não amar nunca mais. Estou a falar de amor, Anjos, Anjos, Anjos me perdoe o impiedoso rancar das cutículas na cantiga de ninar que me tirou o sono. Destrona do destrono e venha, o Amor, maldizer-me! Ingratidão a sua, viu, o Amor. Ingratidão! Logo eu, que sempre te fiz o favor de deixar-te em paz. Veja só o castelo de baralhos que montei, está desfeito por um relapso de atenção nas vértices do mal. Ainda sim, indedetizável nas pregas de um amor, estou eu mal servido, Anjos. Anjos, não quero ser seu amigo, Anjos, nem teu filho quero ser, ó mô pai. O senhor é muito mais pra ser apenas amor! Olhe-me melhor no íntimo dos versos. Permita-me tal incesto se estou eu a falar da gente.
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