
Tributo a um lutador
Data 20/09/2013 19:57:15 | Tópico: Poemas
| Tributo a um lutador
Nascido na Encosta da Serra “Serra Grande”, dizem que veio No lombo de uma mula com arreio: Cabestro, estribo, cincha e buçal; Ala cria, deixou a casa natal Sem esquecer a genealogia Numa atitude ousada e bravia De um colono germano, teatino Nos altos do “Vale dos Sinos” “Resolveu” aninhar “sua cria”.
Começou carreteando ao relento Num trajeto da Serra ao Mar Levava de lar em lar Quitutes de todo jeito Homem sério de grande respeito Pela freguesia, muito aguardado, Lingüiça, salame, toucinho defumado, Ovo, galinha, queijo e schmia, Vinho, cachaça e até “schpritspia” Produtos caseiros, bastante apreciados.
Homem destemido, legendário Seu ímpeto o fazia crescer Seu lema era “vencer, vencer” A custo de riso ou pranto Nos outros causava espanto, O raro tino, prá negociar, Habilidade em se comunicar, Facilidade em lidar com gado, Na compra e venda era fascinado. Largou a carreta e foi tropear.
Cabelos grisalhos, ondulados Brilhavam na cavalgada. Conduzindo a tropa pela estrada Ou, quando, já confinado. Ficava orgulhoso em ter lidado Com toda aquela manada Era o amor pela bicharada, Era um relacionamento pacífico, Até a porta do frigorífico, Onde, prá alimento, era aguardada.
Tu orgulhaste tua prole Lidando com gado e gente. Fizeste germinar tua semente, Numa terra bem planejada. E, com a família estruturada, Unida na mesma labuta, Contava com a paciência da “Muta”, Para enfrentar a realidade Prosperou, conquistou a maturidade, Não teve medo da luta.
Teu empenho não foi em vão Como Germano insubmisso, Soube honrar compromisso, Assumido a fio de bigode, Firmando que o “Alfredinho” pode. A ti foram todos os louros Ao fundar o teu “Matadouro” Com valentia e humildade, Garra, destemor e vontade, Qualidades afetivas de ouro.
Velho, gaúcho da gema Perito no dom do instinto; Se, hoje sinto o que sinto, Tu que me deste o ensino, Nunca extraviaste o tino De menestrel do saber, Se a escrita é de quem souber ler O sucesso é o trabalhar Legado fácil de identificar Naqueles que herdaram poder.
Arthur Alfredo Hoffmeister Teus feitos, - façanhas eternas Construíste pilastras modernas, Estrutura firme alicerçada, Princípio de nova jornada Desafio para a descendência. Somente com muita ciência, Enfrentariam a realidade, Tendo por alvo a continuidade De perpetuar tua existência.
Vô, - tu és nossa história Neste empreendimento legendário. Figura central do cenário Misto de sagrado, e guerreiro, De colono e de campeiro, Conquistador sem barganha. “Nos serrados e na campanha, Cortava este chão sagrado. E, hoje todos nós enlutados, “Saudamos a tua façanha”.
Portanto, quando nos lembramos Que o vô Alfredo morreu... Que tudo isso foi Seu, Não nos é fácil compreender, Pois, ninguém deseja morrer... Saudosos então, entre nós... Ainda ouvimos ”aquela” voz - - Chamando: - “há-lo, êeessa” E todos vinham prá mesa Juntar-se aos queridos avós!
Maximo Enio da Silva
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