
Cara de pau
Data 20/09/2013 19:18:13 | Tópico: Poemas
| Cara de pau (Mauro Leal)
De paletó GG bolorento, broche, canetas, lapelas e lapiseiras, um tal "barriga", transpirava e gesticulava, com uma azeda "morrinha" ardida, arcadas dentárias encardidas, e a passos largos e pesados tudo pela frente espanava.
E por vislumbrar, de tudo proveito tirar, atrevia com envergonhantes e berrantes "puxa saquismo" das heroínas obreiras, cantineiras, rodeando-as e adoçando-as, assim como nos lares das irmandades, com pretexto de visitação, logo próximo ao meio dia com a pança vazia, dando ênfase elogiando a refeição: “- Minha amada, que delícia, nunca vi comida tão boa, nem aqui, nem na China e nem na Grécia, parabéns, a irmã cozinha bem “abeça”.
De "maria gasolina", um pinto buchudo no cisco, se sentia nas nuvens, o cara, e na certeza da garantia de absoluto sigilo, sobre os comportamentos dos manos em suspensão, não hesitava, era só delação.
Semi alfabetizado e infelizmente com limitadas oportunidade no mercado, na cara de pau deslavada, aproveitava da sofrida pensão da generosa vozinha pobrezinha.[/b]
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