
Madrugada na delegacia enquanto a chuva desabava (05 poemas)#.#.#
Data 07/09/2013 18:05:51 | Tópico: Poemas
| . Mania de limpeza
“Com o tempo a gente se acostuma.” Já ouvi milhares de vezes essa mesma frase e ainda não consegui me acostumar a ela, à frase.
Não consegui me acostumar ao homem, por exemplo, sempre buscando uma nova forma de auto-extermínio.
O problema é essa mania neurótica de limpeza, não se contenta com uma bucha de lavar prato!
Na verdade, o homem não se acostuma com a sujeira em Si.
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A moça da limpeza
A moça que limpa a delegacia, vassoura na mão, corpo inclinado, quase derramando os seios pequenos, esfregava o duro piso. Meus olhos atenciosos viam o sutiã preto, que também esfregava minha imaginação.
Tá olhando o quê, Milton?
Nada, só pensando o quanto a vida exige que sejamos eretos para atingir esse gozo minguado.
?
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Receita
Ele escreveu um poema verdadeiro, mas tão verdadeiro que não havia ali, graça nenhuma.
Parecia mais uma receita de bolo, desses que ninguém arriscaria comer.
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Nem é poesia
Marquei encontro com a dor. vestia uma saia longa frisada, uma blusa apontando dois seios em riste, na direção dos meus olhos disfarçados por lentes escuras.
A partir daí a história é longa, talvez umas duzentas páginas bem escritas.
É muito tempo para gastar e eu não tenho saco. Prefiro escrever isto, que não sei o que é.
Os seios murcharam e levou junto todo o amor. Por fim, ela morreu vítima de latrocínio.
E eu ainda estou aqui nesse mundo besta, contando essa história que nunca aconteceu.
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Impressões
Imprime a palavra no papel. Poesia? Não! Tua alma em riste.
Triste? Feliz? Nenhum leitor jamais irá saber.
MF.07.09.13
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