
MÃOS A OBRA
Data 26/12/2007 11:33:52 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| MÃOS À OBRA
Deixem-me em paz; não tenho remissão. É muito tarde para acreditar Que algo, para melhor, possa mudar. Já sucumbi a tanta decepção!
Rebelde sou, porque esta humanidade Porfia, em vez de pão, dar-me veneno; Vindo a sorvê-lo, já, desde pequeno, Não acredito em solidariedade!
Da teoria à prática, os abismos Foram sempre impossíveis de transpor. Quem corra o mundo, procurando o amor, Encontra, em seu lugar, só egoísmos!
Ditam-se leis, que alguém irá cumprir; Acabam de sair dum gabinete. Quer a metralhadora ou a cacete, Às ordens ninguém ouse resistir.
O que esperam de mim? Sou revoltado, Leal, sem máscaras de hipocrisia. Comprar sorrisos choca, e é vil mania, Que ultraja sempre o mais necessitado.
Quem diz que os homens são todos irmãos, É sonhador ou pouco inteligente: Trabalhar mais é ser mais indigente; Lucram, de pé enxuto, os maiorais.
Tentar que vença a força da razão, Será mesmo ignorar realidades. Que eu morra, sim, mas sem calar verdades! Nunca um fraco terá opinião!
Sorrisos, punhaladas à mistura, Deviam ensinar-nos a lutar. Exijamos, foi ganho a trabalhar, O pão. E abaixo toda a escravatura!
Amigos: labutar com dignidade, Não é encher a pança aos sugadores! Aniquilar, sem dó, esses traidores, Eis a libertação da Humanidade!
|
|