
Bicho torto - Lizaldo Vieira
Data 24/07/2013 03:13:55 | Tópico: Poemas
| Bicho torto – Lizaldo Vieira BICHO LOUCO Solto Caolho Tem cara de gente Vivendo aos trancos e barrancos Modendo o próprio rabo Bicho sem mato Cuspindo no próprio prato Bicho malvado Mão de quiabo Cuspido e cagado Com cara de Adão e Eva Depois de expulsos do paraíso Quer vida de luxo Mais só gosta de brega Não será nenhuma serpente O jacaré pantaneiro O leão rei da floresta Nem mesmo o macaco guigó Nem mesmo a cobra de cipó Esse bicho mal Feito rato nos esgotos Subindo e descendo ladeiras Socado nos becos e vielas Sou eu mesmo Bicho da selva de pedra Homo sapiens Homem BEM Dotado Homem Aranha Ou ferro Herdeiro da poluição Do CFC Do carbono perigoso Da sonorização estridente Do ar contaminado Da água poluída e ardente Da terra envenenada Da vida Sem vida Sou eu mesmo Esse ser enjaulado Na casa de pombo Olhado por câmeras e satélites Diuturnos Um verme imprestável Encolhido no bucho do mundo Lambendo o próprio veneno Não olho mais pro céu Tenho vergonha por tudo Pergunto pra internet Como será o tempo de hoje Vai cover canivete Na plantação de nada Viver mal é a sina Cadê lua cheia Nova ou minguante Ventos sul e norte Rajadas rasantes Que nada É tudo fumaça e cinzas Respondendo pelo sem sentido Quero ar que encha os pulmões Oxigênio saudável Tento respirar por uma garrafa hospitalar O sol não vem pra me aquecer E dizer se o dia será bom.. Coisa alguma Ele agora é uma bomba relógio Preste a explodir Só tem chuva ácida caindo na horta DE ervas daninhas E regando e rosa de Hiroshima E os peregrinos desafetos Feitos bonecos Mesmo massa de manobra Ainda fazem filas Pra pegar o pão Que o diabo amassou Enquanto olheiros Bisbilhotam o que comemos E falamos nos barracos das favelas
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