
Meu caro amigo
Data 22/07/2013 18:03:41 | Tópico: Poemas
| Eu caro amigo Sou mais vizinho do poeta dos montes Mão de menino cativada com pedras De polimento macio como a casca Que os pêssegos esfregam em nós Olhos atados ao sopro da tarde Sonhando vasas de razão Aprovações e acenos de pastores De rebanhos de crianças Que esperam a vez de lidar
Eu caro amigo Que conheço as vendas de trás E lá deixei recolhidas as moedas dos avós Recados simples pelo trajecto doce Do roteiro das chicletes Gorila E depois havia o serrim da serração A larga estrada de alcatrão de antecâmara O chiar do carrinho de mão do avô E as pernas de coelho estiradas e tensas Da morte que a avó prometia.
Eu caro amigo Que fui cúmplice de matanças domésticas Não deixei de chorar meus peões destroçados Mas apertei sempre o baraço Desenhei círculos na terra, marquei golos de bico Molhei a roupa interior e esverdeei os joelhos Comprei gel, fiz flexões e bebi sem sede E tudo na sombra dos livros meu caro! E quão bonito fluiu tudo isto! Pai, meu querido, obrigado.
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