
Lobos
Data 16/07/2013 20:34:06 | Tópico: Poemas
| Lobos Inúmeros lobos, espumando de ódio Com dentes afiados à mostra Circundavam, em guarda, o imenso castelo Negras paredes ao tempo, tocavam às nuvens espessas Molhadas pela insistente chuva de um inverno Que castigava toda sorte de vida Lua descrente, de brilho desprezível Pairava solitária, como débil mancha em tela cinzenta Entre as gélidas paredes da noite sem fim, Inerte, agonizava aquele homem Envelhecido desde cedo Pela crueldade desse tempo maldito, que não sossega E açoitado desde sempre, Pela chibata afiada do destino Ele morre lentamente, começando a sonhar... Sonhando que pode falar, escrever e até sorrir, Chora esse velho numa poça de suor, Com febre, delira em esperança Que acena à felicidade Ele se levanta da pedra que congela o seu corpo E solta a alcateia que guardava o seu castelo E vê seus lobos livres, correndo em todas as direções Percorrendo planícies e riachos... A morte requerida se tornou uma prece As paredes ruíram E a chuva deu lugar ao orvalho em seu rosto E o seu pequeno coração, Deixou de ser um castelo Juarez Florintino Dias Filho
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