
narizes em sinfonia
Data 16/07/2013 09:12:09 | Tópico: Poemas
| "... às vezes caminho devagar, minha estrada é longa, não tenho pressa para chegar..."
narizes em sinfonia
I. Andava eu, certa feita, por uma rua, abandonada via, deserta e tão escura. Carros passavam rápidos lá embaixo, tanto silêncio imperava cá encima.
Nesse silêncio total, escuridão bestial. O fim das ilusões, enfartes de corações. Mas, esta é a minha rua, caminho célere por ela. Ás vezes caminho devagar, pois minha estrada é longa e não tenho pressa para chegar.
II. Mal chego a uma esquina tenho que parar, assustado. Preciso urgente desviar de um negócio avantajado, assustador, formidando, de longe vislumbrando dois enormes buracos cavernas antidiluvianas. Paralisado pelo medo que à noite traria insônia, era bestial, fera da Amazônia. Logo descobri, não era monstro, era o nariz da Sônia.
Continuo andando, meu caminho é longo e agora não tenho pressa. Vejo algo semelhante a um cone, dou um pulo, mas logo me acalmo: - é o nariz do Jone. Alguma coisa se move perto, logo vou ver o que é, parece uma salamandra, mas olhando bem, vejo que é o nariz da Sandra .
É facho luminoso, poderia dizer esplendoroso, parece o fogo de santelmo, mas é o nariz do Anselmo. Outro, é de púrpura doura, olhando bem, nada disso: - é o nariz da Isoura.
III. A minha rua é longa, eu caminho por ela. Olho adiante, para o final, vejo uma coisa pouco frugal. É batatal. Paradoxal, quem vê logo garante, que foi o diabo quem fez: mas eu já sei bem logo, que é só o nariz da Inês.
Nessa minha rua escura, vejo próximo à esquina, coisa eu enche uma tina, e se não fossem os recursos da plástica medicina, encheria até uma piscina, esse nariz da Cristina.
Venta tão suave. Tênue passa a brisa ondeando dentro dela, o nariz da Marilisa. Depois me surge pela frente um que nunca vi, é mesmo diferente, esse nariz da Sueli
IV. É assim mesmo essa rua, tinta com seus matizes, escura de vez, não fosse a lua, está cheia de narizes.
Cheia mesmo de narizes, esta minha rua é. Há os feitos de giz, como o do Luis, o que faz alarme, como o da Carmem, aqueles de vedete, como o da Bernadete. Há o tipo educado, que sempre é notado. Antes de virar a esquina avisa, é o nariz da Marisa.
Vejo agora um que faz pose, diferente, pré diluviano, é o nariz da Rose, perfeito e típico praiano. Um dos mais chatos, é o nariz do Matos. Cheira chulé, o nariz do André. Um pouco aberto, o nariz do Roberto. Parece gêmeo do Mauro, não fede nem cheira, o nariz do Lauro.
Narizes, quanto narizes, nesta rua os há demais. Só esqueci o do Amadeu, e nem penso em falar do meu.
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