
Niente
Data 01/07/2013 02:53:56 | Tópico: Poemas
| Com motivos de sobra e inspiração, transpiro as palavras, essas ingratas, sempre comigo.
Infelizmente, sempre sozinho, angustiado e aflito, felizmente, vamos em vão, respirando poemas, vendo com as mãos o mundo, sempre de olhares mudos através de janelas.
Quem sou eu? Nunca serei, eu sei, é tudo delírio e um pouco de literatura. Tudo é loucura que grito entre dentes.
O fim do dia termina, o fim do ano começa, a dor, sempre presente, permanece pra sempre como um vento breve levando as pétalas roxas da calçada.
Agora sou saudades e olheiras, lágrimas que escorrem nas veias, que no peito doem e trazem o infinito vazio - universo dentro de mim, será que existe vida?
Olhos castanhos claros que nunca mais verei, e aquela alegria feliz por inteira, apenas memória, a não ser que alguma criança sorria igual a você: quero esses sinônimos que talvez iludam-me. Sou beira sem eira.
As sobras do que fui e as cinzas do que serei junto a cada passo - marca-passo e utopias compassadas - sem futuro para o nada.
E no fim do dia a minha oração é rimada - desgostos e plenitudes subordinadas - por saber que em algum lugar existe a felicidade - nirvana e festas de aniversário -, por saber que em algum planeta pequeno no espaço existe vida e abraços e toques na pele - pequenos príncipes cheios de ternura -.
E tudo é tão fugaz que nem dá vontade de chorar, e tudo é tão amar que nem dá vontade de amor, e tudo é tão dizer que nem dá vontade de bem-vindo, e tudo é tão lindo que nem dá vontade de viver.
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