
Em analogia
Data 22/05/2013 21:47:03 | Tópico: Poemas
| Numa analogia, Comparo-me a uma sombra, que na reflexão de luz assombra e vigia.
Perco-me no monte de palavras que criaste, Num pequeno livro de melancólica descrição Que me monta os pedaços na perfeição, E que me diz que um dia me amaste.
Mas eu já não ando da mesma maneira, (Ouvi dizer alguém que lamentava), E eu já não te sorrio como costumava, Em vez, destrui-me e tornei-me poeira.
Estou a sentir-me velha, e fria, e cinzenta. Numa fio de voz, pareço-me materializar, Mas depressa ele se quebra para me deixar nua perante o silêncio que atormenta.
Estou a lutar o tempo em vão, Estou a diluir o sangue com convicção de que um dia este puzzle de carne e ossos se complete e pare os pensamentos dolorosos.
Deito-me no chão, Frio, torto, mal feito, Que me congela o peito e me encolhe na solidão.
O tecto eleva-se na sua altura, Tão branco e doce. Quem me dera sentir a paz de tal brancura, Oh, nem um beijo que fosse!
Gostava de me erguer, De me apoiar nas forças do corpo ferido De me olhar num espelho partido, e um beijo dessa brancura receber.
Mas deixo-me sobre a podridão da madeira, Que me pensa vazia e morta, Ali lívida, deitada, torta, (E eu já não sorrio da mesma maneira). Lau'Ra
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