
CENTELHA OPACA
Data 16/12/2007 12:30:31 | Tópico: Poemas -> Introspecção
| CENTELHA OPACA
Bem oculto na contra-luz da companhia, Me entrego ao inútil exercício da prospecção das alheias Existências conjugalmente preenchidas
Antigamente, ao contemplá-las, Acabava sendo alvejado por suaves e nocivas Balas de vazio, que perfuravam, enérgicas, A parede de aço da esperança de ser integrado á auspiciosa Cúpula da fugaz felicidade cotidiana
Ah, eu já perdi a conta de quantas vezes Tentei me desvencilhar dos afagos langorosos desta contra-luz. Tantas e tantas vezes estive a ponto de chegar á soleira da porta, Então, nessas ocasiões, sempre aberta. No entanto, sempre A onipresença do toque desconstrutor da força a estar Vedando a passagem para o libertador caminho, o qual assomava No vislumbre dos meus paraísos oníricos, me toldava lenta e Pungentemente a cor da certeza, banhada no oceano dos raios Emanantes da mais concretamente rutilante estrela
Após tentativas malogradas de escapar do labirinto da opacidade, Sucumbi inteiramente ao poder da contra-luz: Deixei que a minha matéria se aderisse á dela; Aceitei a idéia de que nossos corpos formassem um só corpo; Procurei não nutrir mais a utopia da comunhão da convexidade Com O côncavo] Me dispus ao recolhimento do abrigo do intangível lençol da Conformação. Agora tenho medo de me tresmalhar do aconchego da minha Irônica amada e ser atingido pelos raios da prosaica luz que se Incide profusamente na multidão temerária!
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