
Geração exonerada
Data 29/11/2006 04:07:18 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Geração exonerada
Na distinção entre um sorriso e uma lágrima Pende para o absurdo desejo da catástrofe Uma pavorosa mania não mais possível De ser expressa por meio de gestos calculados Os movimentos, seqüencialmente imperceptíveis, Protegem o esquecimento que tomará conta da sua alma Descarnada, desnuda, etérea, imaterial Dilacerada e agredida como cada milímetro da sua ossada Escondes este peso em um jazigo distante Onde apenas olhares mortos te alcançam Colabora com a terra que fornece a colheita Da qual tanto te beneficiaste em vida Colha agora a raiz, e deixa o fruto para os que restam Contentas-te com a jaula em que te encerras Sem praguejar contra o fardo que te aflige O teu rastro, em breve, será apagado Para que as novas gerações sejam mais belas e ternas Menos hipócrita, sujismunda, atávica e apática Como as guardas, os punhos, os corações e as lanças Dessa tacanha representação da realidade humana
Bernardo Almeida ( Livro Crimes Noturnos – 2006/www.bernardoalmeida.jor.br)
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