
A LUZ DE UM BEIJO NO ESCURO
Data 21/04/2013 21:36:21 | Tópico: Poemas
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Lembra-se do amor tão puro, quando a gente ainda namorava? No cantinho do cinema escuro, aquele filme que você adorava. As mãos no seu ombro, receios, lentamente puxando-a para mim, uma massagem em seus seios, amassando sua blusa de cetim.
A cabeça já recostada no meu peito, um afago em seus cabelos, sem jeito, meus desvelos com a lanterninha, era bem insensível aquela velhinha, que poderia nos botar para fora. Mas você conhecia aquela senhora até me parece que foi sua vizinha conversou com ela em particular e de imediato saiu, ela foi embora, e assim deixou de nos vigiar.
E já livres da velhinha caduca, os dedos suaves em sua nuca, mão esquerda afagando o queixo, ajeitando-me na cadeira de freixo, trazendo seu rosto perto do meu, chegaria logo o momento, um apogeu.
Próximas as bocas já entreabertas, iminentes sensações descobertas, rosto a rosto, nariz quase colado, finalmente o momento esperado, firme era a intenção de beijar, ali naquela escuridão, aquele breu, só pensando no que a gente comeu, para o bafo fedido não atrapalhar.
Você esperava lúbrica e tão serena, quando um clarão ilumina a cena, como farol no fundo da caverna. Facho luminoso que nos espanta, tira logo a mão da minha perna, olho bem para sua garganta, espantado faço uma descoberta: - a luz vinha da sua boca aberta.
Depois que falou com a velhinha, ela se afastou no escuro, sozinha, aquela conversa feliz, tão fraterna. Não, não posso comigo carregar, a interrogação, como dúvida eterna, Então preciso depressa perguntar:
“- Querida! Você engoliu a lanterna?”
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