
Caim e Abel (republicado)
Data 15/04/2013 21:22:12 | Tópico: Poemas
| Me espere um pouco Que chego já. Do que eu mais célere Quem é no passo?
Somos todos irmãos!
Me espere um pouco; Só eu que falto Chegar no ponto, Irmão do asfalto.
Somos todos irmãos!
Me espere um pouco Que chego em riste. Será que existe Quem tem mais passo?
Somos todos irmãos!
Me espere um pouco, Só eu que falto. Será que existe Alguém mais rápido,
(Somos todos irmãos!)
Menos incauto, Singrando os autos, Irmão do passo Com mais compasso?
Somos todos irmãos!
Me espere mais; Passante sou Também da pressa, Quem vai depressa
(Somos todos irmãos!)
De lanche e pasta Sem fé, desejo, Minguado tejo Correndo só
(Somos todos irmãos!)
Por nós, cabrestos No passo lesto, Pela cidade: Palimpsesto.
Somos todos irmãos!
Me espere um pouco; Passante sou Também do medo Do denso breu.
Somos todos irmãos!
Um pouco mais Me espere, amigo. Deveras corro Tão só contigo,
(Somos todos irmãos!)
Nós dois, contíguos, Passo após passo, Irmão sem paço, Sem mãe, regaço.
Somos todos irmãos!
Me esperem todos: Moídos rostos, Puídos, rotos, De si cansados.
Somos todos irmãos!
Me esperem mais, Vou já chegando, Entanto vem, Passo ante passo
(Somos todos irmãos?)
(Me esperam todos?) Quiçá correndo, Quiçá sem fôlego, Mais um de pasta.
(Somos todos irmãos?)
(Me esperam todos?) Tomar-me vai Lugar – nem meu, Nem teu: de breu!
Somos mesmo irmãos?
Assim que somos Irmãos do acaso, Do meu atraso, Do lesto passo.
Somos todos irmãos!
Assim que somos Caim e Abel, Perdidos passos, Irmãos sem pai.
Somos todos irmãos!
Espero todos No breu do mundo, Mas quem me chega? Só vejo a sombra
(Somos todos irmãos?)
De um outro irmão, Que só vagueia, Expropriado, Enigmático,
(Somos todos irmãos?)
Sem passo ou rumo, Irmão do breu, Sem um lugar No nosso mundo.
Somos irmãos.
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