
Morte
Data 04/04/2013 12:26:23 | Tópico: Prosas Poéticas
| Em uma triste segunda- feira, observei com espanto da janela do meu quarto, um mar ensanguentado e estático Não havia ondas ou marolas, não se percebia o movimento simples dos peixes pequenos Os ponteiros do relógio marcavam meio- dia, mas ao alto, nenhum resquício do imenso astro O horizonte estava tão cinza e confuso! As montanhas pareciam rabiscos de melancolia neste pertinente inverno.
Em uma triste segunda- feira, observei com espanto da janela do meu quarto, um mar ensanguentado e estático Homens e mulheres transitavam pelas calçadas em semblantes depressivos e aterradores Os carros passavam vagarosamente, sem se notar absolutamente nenhum ruído O silêncio tomava conta dos arredores com uma destreza admirável, em um mundo isento de cores.
Em uma triste segunda- feira, observei com espanto da janela do meu quarto, um mar ensanguentado e estático As folhas das castanheiras estavam cinzas e murchas, não apresentavam o verde musgo de costume Os ventos e brisas não passeavam mais pelas proximidades dos rios, e dos intermináveis barrancos Um frio arrepiante predominava em minha casa, quando deixou aquele longínquo e gigantesco cume.
Em uma triste segunda- feira, observei com espanto da janela do meu quarto, um mar ensanguentado e estático Constatei bastante surpreso, as igrejas totalmente vazias e por sangue fresco pixadas Jardins a se perder de vista, com suas flores queimadas, e a ausência das admiráveis pétalas Olhos avistando insetos na mórbida areia do cemítério, corpo debilitado, bandeira negra nas faixadas.
Em uma triste segunda- feira, observei com espanto da janela do meu quarto, um mar ensanguentado e estático Os pássaros esbeltos que passavam felizes sobre os telhados coloniais, foram totalmente extintos As samambaias e trepadeiras que enfeitavam a frente da pequenina Escola, viraram infinitas cinzas no piscar de olhos As ruas e vielas tão fáceis de transitar nessa pacata cidade, transformaram-se em obscuros labirintos.
Em uma triste segunda- feira, observei com espanto da janela do meu quarto, um mar ensanguentado e estático A minha casa estava vazia estranhamente, e nos quartos não avistava as minhas filhas, esposa, pais, irmãos, sobrinhos... De repente senti algo profundo em meu conturbado interior, sendo lançado numa velocidade estupenda para um enorme recanto Fiquei atrás das folhagens observando todos os meus parentes imersos a lágrimas, e eu ali repousava sereno em um simples caixão...
... Dei meia volta sem pingos de qualquer sentimento, olhei para baixo e mergulhei à vontade na escuridão intensa de incontáveis redemoinhos. http://alexmenegueli.blogspot.com.br/
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