
Companheira
Data 02/04/2013 00:43:27 | Tópico: Poemas
| Libertei-me da grilheta Que arrastava penosamente Pelos corredores do abismo Onde esqueci o significado Da palavra amor. No meio da humidade Da fome, da saudade Apenas sobrevivi pelo ódio. Cada dia passado no calvário Sentia a minha alma abandonar-me E eu prisioneiro do tempo Que lentamente afogava o meu coração Num mar de rancor, de violência Que me fazia viver cada dia Na esperança de voltar a ver o sol. Deixei de ser eu, o sangue era gelo Que percorria as minhas veias Ao encontro da pedra, que me batia no peito. Deixei de sonhar, vivia acordado Apenas a vingança me atormentava E me fazia seguir em frente. Quarenta anos eu e a grilheta Juntos, unidos, gastos pelo tempo Hoje, libertei-me desta minha companheira Onde estou, não sei, apenas morri. (Gaspar Oliveira)
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