
Rapsódia que te quero - Lizaldo Vieira
Data 20/02/2013 00:59:37 | Tópico: Poemas
| Minha rapsódia Tá aqui Daqui ninguem se atreve De tirar Nem pra lá Nem pra cá Marinete verde De pneu azul Quando viajar leve Para Aracaju Cida minha Minha cidade Filha do tupi Dos cajueiros e papagaios Há quem diga que no cabaré das quintas Papagaio como o milho O periquito leva Com azas douradas Não se brinca no homérico bloco de cinzas Que o fogo da rolinha apagou Por aqui não passou Nem por isso O galo do augusto franco Ficou no prejuízo Todo mundo toma batida de caju Na hora de correr a vaquinha Já dizia minha tia Família de sete homens O mais velho batiza o mais novo Pra não virar lobisomem Na inchada de minha avó Não escapa erva daninha na malhada Só quem fica madura mesmo É laranja em beira de estrada Se tiver marimbondo no pé Nem tampouco trechos de composições poéticas De gregos e troianos E fragmentos dos panos Poemas épicos Captados na atmosfera dos pontos de fada Do Senhor dos labirintos de Aracaju Dramáticos contatos Com os deuses do aqui Do além Gravados por dona Não ganha disco de ouro Também desse jeito Só canta meu papagaio Areia Meu bem areia Madalena e os bacamarteiros de Cosmópolis Marchinhas do sobe ladeiras Nos carnavais de Neópolis Mesmo assim Eu quero mesmo é botar o bloco na rua Na chegança e são Gonçalo Da mussuca Gastando os temas e processos e improvisados Arrancos dos enredos tradicionais Nos cantos populares Nessas eras escassas de unidade formal de melodias Extraídos com frequência de óperas e operetas Samba negro Branco não vem cá Se vier Pau há de levar Originário Rica e jovem Só pretende viver ao lado de Macunaíma por quem é apaixonada De quem se apaixonara pela floresta atlântica De mata do cipó É duro compor poesia Minado por uma polifonia de personagens Unidos pelo agronegócio Qual música orquestrada Verdadeiros protagonistas do fogo cruzado Contra a preservação da floresta branca E dos mangues de ara Pra quem ainda não sabe Eu agora escrevo em luso poemas Mas meu Rapsódia continuará aqui Metendo a mão na cumbuca Tocando lata e agogôs Extraídos do baú dos velhos carnavais de brinquedos E cavalarias do são de Capela
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