
[Pensando no avesso das coisas]
Data 23/01/2013 13:06:44 | Tópico: Poemas
| O sol inunda de luz a cozinha enquanto eu lavo o prato de vidro em que derreti o queijo meu de cada dia. Varada de luz, a água banha as minhas mãos, escoa pela lisura suave das faces do prato, e enquanto se desfazem as bolhas do detergente, eu penso: ah, que esta vida não vale nada! O que é viver senão essa constante e covarde gemedeira por recusar a finitude? O que é a vida senão sentir medo e sonhar que se teve um antes, e haverá, portanto, um depois? O que é a vida senão recusar o solene dito dos faraós do Egito... "O Ontem me criou...", e assim, descompreender que somos apenas filhos do Tempo? O que é a vida senão este estúpido depósito de fé num ser inexistente, criado pelo próprio medo da finitude? [Corte — pois era apenas um prato a ser lavado, e o pensamento, curto, foi-se ralo abaixo, e dele ficou apenas este pífio registro] _____________________________ [Desterro, 24 de janeiro de 2013] PS. Um dia, entro num restaurante e lavo todos os pratos, todos... quem sabe consiga pensar às direitas, e não ao avesso do ser das coisas? Em tempo: não aprendi a dançar, portanto[!?!] não sei criar títulos interessantes para os nadas de ser que eu escrevo
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