
Ana
Data 29/10/2012 08:23:49 | Tópico: Poemas
| «Avó Ana» - 1874-1946 Avó Ana sentava-se à lareira, a atear com jeito o seu brasido, soltava um ai, um suspiro, um gemido, como se fosse triste carpideira.
Feliz, não era, não, a triste avó. Viúva cedo no florir da vida, criara um filho com dor e muita lida, a cultivar as terras sempre só.
Contava-nos histórias de pasmar: fantasmas, lobishomens, feiticeiras, faunos e bruxas a dançar nas fogueiras, modas do demo, debaixo do luar…
Nossas maleitas sabia bem curar: chás e tisanas e defumadoiros, rezas, evocações, a murmurar como se fosse a fada dos tesoiros!
Ficou-me na lembrança essa senhora, que falava e dizia a toda a hora, frases curtas, ordenadas, secas.
Avó Ana dos meus tempos de criança, que me ensinava, em horas de bonança, a construir à mão lindas bonecas!
Maria Helena Amaro Inédito – 26/07/2009
http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2012/10/avo-ana-1874-1946.html
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