
Carcinome
Data 20/10/2012 03:23:57 | Tópico: Poemas
| Aperto meu corpo com meus dedos. Aperto meu rosto com a ponta dos ossos das falanges e rangem outros ossos e um recheio de mim. Sinto que estou cheio. Mesmo que não vejo, o apelo do dedo enquanto aperto-me Assevera: - Deveras cheio estou. E todo esse recheio, que imagino bem vermelho, parece não ser bastante. É que a todo instante, latente como constante, No meio cheio do recheio das estranhas entranhas, tão disfarçado que mal se localiza, tão dissimulado que mal se desfaz, O vazio. Identifico com artigo porque o conheço de longa data. É talvez o mal estar que deu pregas na alma do Álvaro, É aquilo. Meu recheio tem disso. Tem essa coisa quase feto que se nutre nas minhas entranhas e que é estranho. Às vezes é câncer. Às vezes me cansa.
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