
Nunca mais escreverei poesia
Data 20/09/2012 18:22:29 | Tópico: Poemas
| O poeta que comigo partilhou horas de incerteza, Momentos de alegria, Desespero e desprezo, Abandonou-se à sedução do suicídio e morreu, E com ele morre a minha utopia. Esta pilha de poemas que agora ateio, Transformar-se-á nas cinzas do poeta, Que definhou ao ver a verdade consumida na mentira.
Agora morto e frio, Sem discurso fúnebre, De pouco valerá, lançar sobre a sua urna, Num batuque seco, num eco de assombro, A sinceridade da verdade tardia, A terra continuará a ser fecunda. Recolho as lágrimas nos seus olhos secos.
Esta morte, no meu corpo que envelhece, Deixou em forma de cicatriz uma lápide: "Aqui viveu... um poeta depenado de musas e metáforas, Que um dia se imaginou nas lombadas dos livros, Esquecido como muitos, Na poeira das livrarias..."
Deveria eu esperar de ti poeta a verdade, Se eu mesmo me tenho vestido de mentira?
Agora, que o meu poeta se suicidou, Nunca mais escreverei poesia!
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