
Ócio
Data 06/09/2012 19:24:40 | Tópico: Poemas
| O ócio que o teu corpo transpira Revela um estado de espera eterna Pelo herói amputado. De mãos sujas na caverna Onde a força da razão inspira.
Dizes não respirar políticas racionais Mas o teu pensamento é engolido, Enquanto clamas pela tua legitimidade, Inacessível face ao torpe sorriso embutido Na encardida cara sem sinais.
Na mais profunda das inércias do teu ser Sustenta-se a auto-inocência prematura A que chamas: Liberdade. Invoca-la desconhecendo a sua frágil sutura, Que por ilustre imbecilidade, deixas carecer.
Absorves loucamente doses de conformismo De costas curvadas e vértebras rachadas. À noite, lamentas toda a dor Com lágrimas de suor algemadas Aos olhos cegos de elitismo.
Observas a tua realidade sem ver, Insistes em julgar sem consciência Social, essencialmente. Os que batalham a opressão, pela resistência Por seus cérebros conscientes, tudo perceber.
Não és pessoa, socialmente, não existes És dono de um coração suprimido, Auto-censurado, auto-limitado. Na sociedade de pensamento proibido Não passas de puro ócio, alimento das elites.
Gonçalo Cardeira
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