
Ó Lua brilhante e eterna! (O Outro lado da lua)
Data 03/08/2012 17:44:48 | Tópico: Poemas -> Amor
| Ó Lua brilhante e eterna! (O Outro lado da lua)
Ó Lua brilhante e eterna, Para onde a levaste tu? E porquê Lua; Porque a levaste Para tão longe de mim? Terá sido inveja tua Imortal e sensível Lua? Inveja dos seus cabelos dourados Que voavam brilhantes no vento, Tocados pelo sol Naquele final de tarde em que surgias; Ainda ténue e apagada No cimo do céu de onde nos vias? Terá sido essa a inveja De não teres cabelo nenhum? Ó Lua misteriosa e fria; Porque levaste de mim O seu olhar doce, vivo e puro? Também inveja? Ou pelo desejo de me poderes ver Como só ela sabia como fazer? Por dentro E por fora E como deve ver-se sempre Quem de verdade se ama! Ó lua, tu que iluminas a noite Fria e escura, O céu A terra E os humanos também. Poetas, génios E sabe-se lá mais quem?! E quem iluminei eu, Senão essa viva e frágil criatura Que julgou me conhecer? Ó lua rainha majestosa nos céus Terá sido a sua voz que te insultou? Terá ela te insultado, Porque ela fala e compreende A língua que fala a gente; A língua que falo eu? A língua que surgiu da sua boca E enlaçou a minha dançando… Num abraço ao som de uma música Que só os humanos Que sentem amor Sabem abraçar e dançar? Terá sido isso lua? Esse insulto de não teres som nenhum; De não me poderes falar Enquanto me vês cega? Ó lua poderosa e enorme Terá te chocado a sua pele morena? A sua pele suave e saborosa Que eu vaguei perdido com os lábios. Tu que és tão pálida E fria e distante de mim E dos meus lábios… Terá sido essa a tua inveja, O teu desejo? Ou essa inveja e desejo Que te insultaram e chocaram Quando caíste suspensa nessa realidade De estares demasiado longe de mim?
Porque a levas-te a ela Inocente nesta guerra de sentimentos E de paixões que tens por mim? Mas lua eu amo-a, a ela, humana E não a ti, Deusa! A ti, que só temo E admiro profundamente Como o animal que sou; Que nunca compreenderá A solidão profunda e negra Que só um Deus sabe ter.
Os humanos são estúpidos lua! E morrem! E matam-se uns aos outros! Uns pelos outros, Quer pelo amor Quer pelo ódio. Mas tu és um Deus, Moras no céu oculto Onde desejam voar os mais estúpidos e sonhadores. Acima de tudo e todos; Ai estás tu calma e serena Mas no entanto capaz de tempestades…
Ò lua que és um Deus! Não morres E possuis o conhecimento de todas as eras; Diz-me lá então Na tua sabedoria imortal. Se me amas, Porque não mostras o lado negro de ti? Terás a minha amada escondida aí? Para que cada vez que a saudade aperte em mim Eu tenha meus olhos fitos no azul; E crie em ti a ilusão Que é por ti que eles procuram?
22= É tempo de apareceres.
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